Me curvo sensibilizado para dizer de duas pessoas que conheci bem de perto e testemunhei suas trajetórias artísticas da década de 70 a 2010, eram duas grandes almas, uma missioneira e outra fronteiriça que faleceram no mesmo dia, em anos distintos, no dia 7 de março.
Os dois artistas, são filhos da mesma corrente regionalista que deu origem ao que uns chamam de nativismo, pelos festivais gaúchos aflorados em Uruguaiana com a Califórnia da Canção, que no ano que vem fará meio século.
Foi lá que o Rio Grande do Sul viu nascer a genialidade do compositor Jader Moreci Teixeira, o Leonardo, índio de Bagé que veio a furo em 30 de novembro de 1938, que foi guri pobre de campanha e da cidade, aonde conheceu o circo e se transfigurou em um dos palhaços, (personagens que fazem o povo ri pra não chorarem), até chegar a Porto Alegre e por fim fazer morada eterna em Viamão no ano de 2010. Leonardo foi dos Três Xirus, depois fez linda carreira solo como cantor e compositor, criando várias obras como a celebre Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, mas poucos versos dizem de amor ao chão como na letra de Imagens da Minha, da 1ª Califórnia, que exclama: “Venha, venha, venha, ver o Sul deste meu Pais; Você vai virar criança, vai ser muito mais feliz; Venha ver o meu Rio Grande; Pegar a terra com a mão; E há de cantar como eu canto; Com amor no coração”…, da primeira Califórnia.
Mas foi lá que o Rio Grande do Sul também viu brilhar, a estrela da professora, cantora Rosa Maria Medeiros, nascida em São Luiz Gonzaga, que vinha de longa temporada em Montevidéu, e foi a predileta de Luiz Martino Coronel e Marco Aurélio Vasconcelos, no canto das suas Leontinas que disseram de flores, de amores, de peleias e de paz, que só a voz de uma Rosa poderia dizer de forma tão sublime, assim: “Eu me chamo Leontina das Dores, das dores Maria Leontina, de amores que sempre tive, das dores que não terminam; Pra dentro Maria Leontina, menina não vai no galpão; Leontina de quarto e sala, Leontina quarto e prisão”…, que se foi cantar no céu em 2017!
E aqui fica a nossa carinhosa lembrança, o nosso culto a esses que um dia nessa passagem terrena, se imortalizaram porque gravaram para sempre em nossos corações a sua mensagem de arte, pela poesia e canto, que lhes fazem vivos, mesmo partidos para sempre, como Leonardo e Rosa.
Para pensar: Quando voltarmos a este orbe terreno, seremos a mesma alma, mas com outra roupa física, para encenar no palco do teatro da vida!